sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Em nome da troca


Em quantos portos atracamos nesta longa viagem pela vida? Neles encontramos surpreendentes personagens, carregados de suas histórias, escritas com as tintas de vivências e de experiências incontáveis. Uns riem, apenas por rir. Outros riem para tornar a paisagem menos árdua e densa. Aqueloutros escondem no riso fácil, a fragilidade do não riso sentido. Todos, intensos, verdadeiros, plenos em suas não plenitudes. Com eles, aprendemos, ensinamos, gritamos, choramos ou permanecemos silenciosos construindo esses tecidos íntimos do valor, do significado, do essencial.

Há desembarques, há partidas. Mas uma nau não sai de um porto do mesmo modo como chegou. Em sua chegada pode vir carregada de valores, cores, cheiros, temperos. Desembarcados, estes fazem parte do porto, emprestam ao porto, de algum modo, um pouco de sua essência. Doam, aos transeuntes, parte daquilo que são, em nome da troca, da relação. Podem também, chegar vazios desprovidos de conteúdos, sedentos e ávidos de sentido e senso. Na saída, carregada de outros valores, cores, cheiros, temperos. Sai alterada, repleta ou esvaziada, mas simplesmente modificada.

Cada partida inicia a longa viagem que nos mostra como as grandes surpresas, personagens, coisas e cores nos tornaram indivíduos mais e melhores preparados para a longa e sinuosa viagem da vida. Todos enchendo de encanto o caminho, o tornam menos árduo e melhor de transitar. Em nome da troca.